quarta-feira, 21 de maio de 2008

"AVE MARIA"

Há séculos à humanidade vêm atravessando o planeta de olhos vendados em busca do desconhecido. E através dessa busca encontramos Guerras, conflitos, revoluções. Descobrimos a política entre muitas outras coisas, porém a religião parece ser o principio de tudo. Pelo menos para os que acreditam em Deus. Dentre estes muitos assuntos foi na religião que eu encontrei o tema principal deste meu texto. Na realidade uma fusão da crença e da música.

Quando “Charles Gounod” no século retrasado fez o arranjo de “Ave Maria” partindo do prelúdio em dó maior do 1º volume de "Cravo Bem Temperado" feita por Johann Sebastian Bach, acredito eu que ele sequer tenha imaginado os caminhos que este tema seguiria. Mas este não foi o principio de tudo, toda essa história surge no ínicio da Idade Média. Aparentemente “Ave Maria” começou a tomar forma semelhante a que conhecemos, por volta do Século XIX. Encontramos versões de “Ave Maria” através de nomes famosos como Franz Liszt ou Mozart.

Enfim, “Ave Maria” acabou virando uma espécie de hino religioso para todo o mundo. A forte crença baseada em religião tornou a oração mais forte e emocionante através das belíssimas melodias criadas em cima do tema.

No Brasil, “Ave Maria” se tornou tão popular que chega a assustar. Permita-se escutá-la, mesmo que não seja um religioso. Sinta o poder dessa obra ecoando dentro de um templo. Que tal o templo sagrado da Mãe do Brasil que fica localizado na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida. É realmente emocionante. A dimensão daquele lugar e a reverberação relativa ao seu tamanho, transmitem um sentimento incrível. Recomendo uma visita mesmo que seja num intuito arquitetônico.

Várias interpretações cantadas e instrumentais foram executadas no decorrer de tantos acontecimentos. Se a gente levar em consideração o matrimonio a coisa fica complicada. No meu próprio casamento, no momento da troca das alianças, lá estava uma versão de “Ave Maria” a ser executada.

“Ave Maria” já foi interpretada através das vozes de Pavarotti, Bobby McFerrin, Sarah Brightman, , a saudosa e maravilhosa Karen Carpenter, Roberto Carlos, entre tantos outros. Virou até Samba na versão de Jorge Aragão. Já a escutei através da fantástica guitarra de Cheat Atkins numa belíssima execução. Parece que o mestre Astor Piazzola antes de morrer compôs uma “Ave Maria” para Milva, cantora pela qual ele tinha muita admiração. Pediu que ela a cantasse somente quando estivesse preparada. E ela o fez no ano de 2001 através de uma interpretação belíssima.

Ela também já foi executada por muitos instrumentistas brasileiros e foi através da emocionante viola de Fernando Deghi que me inspirei para escrever sobre isso. Finalmente cheguei ao princípio de tudo. Foi através disso que definitivamente eu me dei conta que “Ave Maria” tem a cara de muitos que vivem no planeta Terra. Que ela está acima de qualquer religião e que ao mesmo tempo traz o vinculo e a reverência a um Santo.

Imagino eu que muitos a interpretaram por motivos religiosos. Que outros a interpretaram pela beleza de sua harmonia. Imagino que muitos tenham dúvidas sobre o real sentimento que a música nos permite vivenciar. Para mim ela nos permite aceitar a diversidade e o direito de escolha sem críticas ou discriminação. Permite refletir sobre nossos sentimentos. Um momento de respeito pela música que é indiferente a forma ou estilo de sua execução. Respeito pela crença em algo superior ao plano terrestre que é indiferente a qualquer uma de nossas religiões. Ela nos permite fazer algo pouco vivenciado nos dias de hoje. Permite-nos encontrar o respeito.

Ufa....Seria muito mais fácil se eu tivesse falado que me emocionei com uma “Ave Maria” tocada na Viola.

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