segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

A encruzilhada




A experiência é realmente o fator essencial das nossas vidas.

Ainda me lembro como se fosse hoje. Eu estava em uma sala de cinema que ficava na região do largo 13 de Maio, em Santo Amaro. Este dia foi realmente uma encruzilhada na minha vida.

Não me lembro a data, mas o ano era 1986. O filme? O filme era o famoso Crossroads (A encruzilhada), imperdível para quem gosta de Blues.

O filme conta a história de um Jovem guitarrista (Ralph Macchio) que está à procura de uma canção perdida. Inspirado por um velho bluesman (Joe Seneca), eles partem em busca da tal canção e passam por diversas situações no decoorer da história.

O Filme levou para as telas do cinema, o mais famoso conto do Blues. Baseado na lenda que envolve o Pacto do Diabo com Robert Johnson. No final do filme acontece o encontro do velho Bluesman com o Diabo e numa tentativa de romper o pacto com o coisa Ruim, todos eles acabam num duelo musical maravilho.

Fiquei tão fascinado com o duelo entre o Bem e o Mal que acabei virando guitarrista.

A performance do Diabo, era representada pelo até então desconhecido guitarrista Steve Vai.

A trilha sonora do filme é do grande guitarrista Ry Cooder. Diga-se de passagem, que a trilha sonora do filme é maravilhosa.

Apaixonei-me por aqueles solos de guitarra. Vivi por muito tempo cultuando o guitarrista Steve Vai. Eu ficava alucinado com suas músicas. Frases em alta velocidade, distorções e frases dobradas produzidas por um equipamento chamado harmonizer. Aquilo tudo era um sonho, uma fantasia na minha maravilhosa adolescência.
E vale apena dizer que foi muito legal. Vai realmente me ensinou grandes coisas, mas com o passar dos anos eu fui percebendo que o universo musical é muito extenso e diverso.

Dezoito anos depois, tenho outra opinião sobre a música. Ainda tenho muito respeito pelo guitarrista Steve Vai. Afinal, foi ela a minha fonte inspiradora. Foi o meu Start no mundo da guitarra.

Mas a experiência me mostrou o quanto é legal a origem de todo conhecimento. E com isso fui descobrir novos sons, novas harmonias. Descobri a mágica por tras da sutileza de se tocar a guitarra, descobri os timbres maravilhosos que podem ser produzidos atráves da pegada e do bom gosto de um músico.

Ouço coisas que naquela época eu nunca imaginei que iria escutar.

Se alguém me perguntar qual o meu guitarrista predileto eu responderia:

Guitarrista ? Um Guitarrista ? Ou uma guitarrista ? Tenho vários guitarristas como referência e entre eles, uma mulher. Aliás, uma senhora ! Senhora e rainha do Slide !! A Bonnie Raitt. Eu sou fascinado pelo som desta mulher. Que bom gosto, que timbre! Suas músicas são maravilhosas e o melhor de tudo e que ela não é uma virtuose!
Apenas bom gosto e boa música.

Pois é. A vida é assim. Estive em uma encruzilhada e o Diabo conseguiu me iludir com seus truques.

Voltei a essa encruzilhada e quebrei o pacto com o coisa ruim. Mudei de direção e posso garantir que sou muito mais feliz hoje em dia !!!!!

Um comentário:

Serbon disse...

Fala, Claudinho!
Eu gosto de tudo que é bom em música - ouço os virtuoses que compõem bem, caso do Vai e do Satriani; e gosto de quem não sabe tocar, mas sabe escrever grandes canções - caso do Kurt Cobain, do Nirvana. Tô baixando umas coisas da era disco, e , cara... o Chic era demais! Que groove , e os caras tocavam MUITO BEM. abraços!